ahh Santos se o senhor estivesse vivo e vesse...

Uma multidão acompanha o cortejo fúnebre de Alberto Santos Dumont. Há 89 anos, em 23 de julho de 1932, o inventor tirava sua própria vida no Grand Hôtel La Plage, no Guarujá.

O Brasil ficou em choque com a notícia da morte precoce de um de seus filhos mais ilustres. Apelidado de "pai da aviação", Santos Dumont era então uma das personalidades mais famosas do mundo. No fim do século XIX, o brasileiro projetou, construiu e voou com os primeiros dirigíveis. E em 1906, a bordo do 14-Bis, fez a primeira demonstração pública da história de um avião capaz de decolar e voar por conta própria — realizando o primeiro voo com uma aeronave mais pesada que o ar a ser certificado pelo Aeroclube da França e pela Federação Aeronáutica Internacional. No ano seguinte, construiu o Demoiselle, o primeiro ultraleve da história, e abriu mão de sua patente, visando popularizar os aviões.

As contribuições de Santos Dumont revolucionaram a aviação, mas o inventor se desencantou com a aeronáutica após compreender o potencial do uso bélico dos aviões. Apenas um ano após o vôo com o 14-Bis, os irmãos Wilbur e Orville Wright, donos da patente da aeronave Flyer I, assinaram contratos com as Forças Armadas dos Estados Unidos para produzir aviões para uso militar. O inventor ficou extremamente contrariado após testemunhar o uso de aviões em combates e bombardeios aéreos durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1916, dois anos depois do início do conflito, fez um discurso durante o 2º Congresso Científico Pan-Americano exortando o uso da aviação para fins pacíficos e integração entre os povos. Em 1926, fez um apelo à Liga das Nações em favor do banimento do uso de aviões como armas de guerra e ofereceu dez mil francos a quem escrevesse a melhor obra contra a utilização de aviões em combates.

Com a saúde muito debilitada pela esclerose múltipla, Santos Dumont mergulhou em uma depressão profunda, abandonando seus experimentos e estudos e isolando-se socialmente dos familiares e amigos. Tentou se suicidar ainda na Europa, em 3 de junho de 1931, sendo impedido por seu sobrinho, Jorge Dumont Vilares. De volta ao Brasil, o inventor passou por Araxá, Rio de Janeiro, São Paulo e em maio de 1932 hospedou-se no Grand Hôtel La Plage, no Guarujá. Nesse local, viu emergir o movimento constitucionalista de 1932, que opôs o governo de Getúlio Vargas às oligarquias de São Paulo. Santos Dumont tentou impedir a eclosão do movimento armado, enviando uma carta aos sublevados de Minas Gerais afirmado que "os problemas de ordem política e econômica que ora se debatem, somente dentro da lei e num quadro de plena concórdia poderão ser resolvidos".

Após a eclosão do movimento, Santos Dumont presenciou os bombardeios aéreos contra a Ilha da Moela, ocorridos em frente ao hotel onde se hospedava, sendo tomado por uma profunda angústia. "Nunca pensei que minha invenção fosse causar derramamento de sangue entre irmãos", declarou a Olympio Péres Munhoz na ocasião. Nos dias seguintes, acompanhou pela imprensa as notícias sobre os bombardeios aéreos na capital paulista. Tais episódios contribuíram para agravar seu estado de espírito e o inventor se suicidou em seu quarto em 23 de julho de 1932, aos 59 anos.

A causa da morte foi mantida em sigilo e somente foi registrada oficialmente 23 anos depois, em 1955. Seu corpo levado para São Paulo em um carro funerário para ser embalsamado e velado na Catedral da Sé, no centro da cidade. Em 25 de julho, o governo federal decretou luto oficial de três dias. "O brasileiro Alberto Santos Dumont, inventor da direção dos balões e do voo mecânico, dotando a humanidade de novos engenhos para o seu desenvolvimento, estreitou os laços entre as nações e cooperou para a paz e a solidariedade entre os povos, tornando-se, assim, merecedor da gratidão do Brasil, cujo nome honrou e glorificou" dizia o decreto.

Os combates do Movimento Constitucionalista foram suspensos durante o luto oficial e o general Góes Monteiro, que liderava as tropas federais, determinou: "Em homenagem à memória do imortal pioneiro da aviação, as unidades aéreas do destacamento do Exército Leste deixarão de bombardear as posições militares inimigas". Encerraram-se dessa forma os bombardeios sobre a capital paulista. O sepultamento somente ocorreu após o término da sublevação paulista, meses mais tarde. O caixão foi transportado de trem até o Rio de Janeiro e carregado por uma multidão até o Cemitério São João Batista, em 21 de dezembro de 1932, enquanto esquadrilhas da aviação naval e militar homenageavam seu patrono com manobras no céu.


((((copiei e colei achei interessante))))

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